Vulcão Dourado de Amor Divino - Os ilimitados Nomes de Deus




Parte 2

Os Ilimitados Nomes de Deus



namanyakari bahudha nija-sarvasaktis
tatrarpita niyamita smarane na kalah
etadrsi tava krpa bhagavan mamapi
durdaivam idrsam ihajani nanuragah

Tradução

"Ó meu Senhor, Seu santo nome
a todos concede boa ventura.
E possui ilimitados nomes
como Krishna e Govinda,
pelos quais Se revela.

Em Seus vários santos nomes
bondosamente investiu
toda Sua potência transcendental.
Para cantar esses nomes,
não há regras estritas
sobre tempo ou local.

Por Sua misericórdia sem causa
descendeu
na forma do divino som,
mas minha imensa má sorte
é não ter amor
por Seu santo nome".

Iluminação

Foi dito aqui: "Ó meu Senhor, revelou o cantar de Seu santo nome, e investiu todo Seu poder nesses nomes". Tanto o santo nome de Krishna quanto Sua potência são eternos. Todas as potências e energias se encontram dentro do santo nome de Krishna. E não existe tempo ou local em particular, fixados para cantar o nome. Não é necessário que se cante apenas pela manhã, ou só depois de tomar banho, ou quando se for a um local sagrado - essas condições não existem. Pode-se cantar o santo nome de Krishna a qualquer hora, em qualquer lugar, e sob qualquer circunstância.

Sri Chaitanya Mahaprabhu diz nesse verso: "Ó Krishna, deu a oportunidade mais sublime a todos. É tão infinitamente gracioso que nos concedeu o serviço a Seu santo nome (nama-bhajana). Mesmo assim, minha má sorte é a pior. Não encontro nenhum desejo intenso dentro de mim para aceitar o nome. Não vejo nenhuma ânsia natural para cantar o nome. O que posso fazer"?

Esse é o segundo dos oito preceitos de Sriman Mahaprabhu. Ele diz: "Ó Senhor, fez de tudo para me elevar deste mundo de relatividade. Sua tentativa em me libertar é tão magnânima, tudo que me pede é um pouco de cooperação em aceitar Sua graça, mas minha audição ensurdece ao Seu chamado magnânimo. Ó Senhor, estou perdido".

Sri Chaitanya Mahaprabhu nos deu muita esperança no primeiro verso de Seu Shikshastakam ou oito preceitos. Ele explica que o cantar do santo nome de Krishna, quando empreendido corretamente, progride passo a passo, e revela sete conseqüências. O primeiro efeito é limpeza da consciência; o segundo é liberação da relatividade mundana. A bondade positiva desperta em nosso coração como terceiro efeito e nos leva a Vrindavana. Aí, sob a guia de swarupa-shakti - yogamaya, a energia interna do Senhor - alcançamos o conceito vadhu: somos potência, somos destinados a servir a Krishna, incondicionalmente. Vadhu quer dizer o rasa que concede conexão plena com Krishna (madhurya-rasa).

Oceano Extático de Felicidade

Quais as outras conseqüências que advêm, após alcançar esse estágio? A pessoa se torna uma partícula no oceano de felicidade, e essa felicidade não é insípida ou estática, mas sempre nova e dinâmica; é purificante ao extremo. Apesar de termos permissão para manter nosso conceito individual, quando aceitamos o nome, sentimos que todas as partes de nossa existência se purificam ao máximo. Isso não afeta apenas a pessoa, mas todos que se conectarem com nama-sankirtana. Todos experimentarão conversão em massa, a purificação máxima. Esses são os sete resultados de cantar o santo nome.

Após mencionar essa tese em Seu primeiro verso, Mahaprabhu dá a antítese no segundo verso. Se há uma esperança tão grande no santo nome, por que temos tantos problemas? Qual é a dificuldade? Por que não realizamos a vantagem da magnânima aprovação da divindade encontrada no santo nome? Provém uma graça inestimável da parte de Krishna. Ele nos deu tantas oportunidades, e exigiu o mínimo de nós. Precisamos ter algum gosto, alguma ânsia para aceitar o santo nome; aí está a dificuldade - não temos nada disso. Qual a nossa esperança então? Como conseguiremos isso? Podemos nos aproximar do santo nome formalmente, e, não, do fundo do coração; por qual processo então poderemos obter benefício e progredir? O terceiro verso responde a essa pergunta.

Mesmo que a pessoa sinta não possuir o depósito mínimo necessário para receber o benefício, ainda assim, não é um caso perdido. A própria natureza dessa realização a leva à concepção de humildade. Quando alguém começa a praticar devoção ao Senhor infinito, só pode se sentir sem nenhum valor em relação ao infinito. E pensa: "Não tenho nada para retribuir; até o requisito mínimo para receber a graça do Senhor inexiste em mim". Isso o leva ao conceito de que: "Não sou qualificado. Sou completamente vazio".

O devoto sente de coração que não é apenas indigno mas, também, desprezível para o serviço ao Senhor. Krishnadasa Kaviraja Goswami diz: "Sou inferior a um verme no excremento e mais pecaminoso do que Jagai e Madhai (jagai madhai haite muni se papistha purisera kita haite muni se laghistha)". Não devemos ficar desencorajados quando pensamos que não temos nem mesmo o mínimo de mérito necessário para o serviço ao santo nome de Krishna, pois esse tipo de consciência é natural para um devoto.

Ao mesmo tempo, temos que nos prevenir contra uma concepção insincera de nossa própria devoção; esse é o nosso inimigo. Está tudo bem pensar que: "Não tenho um mínimo de atração ou gosto pelo Senhor". Mas é perigoso pensar: "Tenho algum gosto, alguma ânsia, alguma devoção pelo Senhor".

O Mundo Egoísta

Se desejamos ter uma conexão com o infinito, devemos estar totalmente vazios; nossa auto-abnegação deve ser completa. A realização mundana é algo negativo, livremo-nos disso completamente. Devemos pensar: "Não sou nada; não tenho qualidades para ser aceito ou usado no serviço ao Senhor. Sou completamente inepto". Devemos retirar-nos completamente do mundo egoísta e permitir que yogamaya, a energia interna do Senhor, nos capture. Um escravo não tem posição; toda posição é do mestre; tudo é Dele. Nossa verdadeira qualificação será vivenciarmos isso. Quando acharmos que temos alguma qualificação, começam as dificuldades. Por isso, o próprio Sri Chaitanya Mahaprabhu diz: "Não vejo nenhum vestígio de amor por Krishna em Meu coração (na prema gandho 'sti darapi me harau)". Esse é o padrão de humildade. Deve ser um sentimento sincero; não pode ser imitação. Sejamos cuidadosos. Não nos aventuremos a imitar devotos elevados. A única qualificação para cantar o santo nome de Krishna é o sentir autêntico, o conceber que não possuímos nada, e que tudo é Dele.