Vulcão Dourado de Amor Divino - Devoção Pura


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Devoção
Pura

na dhanam na janam na sundarim
kavitam va jagad-isa kamaye
mama janmani janmanisvare
bhavatad bhaktir ahaituki tvayi
Tradução
"Ó Senhor, não desejo
acumular riqueza, seguidores,
belas mulheres, ou salvação.
Minha única súplica é por
Seu serviço devocional sem causa,
Nascimento após nascimento".
Iluminação
Temos de tentar nos mover nessa direção. Sri Chaitanya Mahaprabhu diz: "Não quero nenhum dinheiro (na dhanam), não quero a companhia de belas mulheres (na sundarim). Não quero um bom nome, ou a fama de um poeta (kavitam va)". Esse é o significado geral desse verso, mas foi profundamente analisado nos comentários de Bhaktisiddhanta Sarasvati e Srila Bhaktivinoda Thakura.
Nosso guru maharaja comentou que riqueza, seguidores, mulheres e erudição representam nesse verso dever, riqueza, prazer sensual e salvação (dharma, artha, kama e moksha). Srila Bhaktivinoda Thakura explicou, nesse contexto, que "riqueza" significa a riqueza que vem em conseqüência ao cumprimento dos deveres prescritos. Também pode significar artha, desenvolvimento econômico. Ele diz que "seguidores" quer dizer relações físicas para conforto: esposa, filhos e assim por diante. A palavra sundarim significa kama, a companhia de belas mulheres. E kavitam, poesia, representa moksha, liberação. Aparentemente, a liberação tem um valor alto, mas na realidade, trata-se apenas de palavra floreada como na poesia. A liberação é imaginária, pois seu resultado final é a extinção da existência do indivíduo.
Capitalistas do Serviço
Sri Chaitanya Mahaprabhu diz: "Ó Senhor do universo, oro somente por devoção espontânea a Você, imotivada por qualquer recompensa. Desejo uma atitude de servidão natural". Prema significa afeição, amor. Prema quer dizer que: "Tenho de Lhe servir, e em troca tem de me conceder mais tendência a Lhe servir - mais energia e mais anseio em Lhe servir. Meu afeto por Você vai incrementar e os juros vão virar capital, como nos negócios financeiros". Dessa forma, o devoto ora a Krishna que: "Eu Lhe sirvo, e se quiser me pagar com alguma coisa, então, dê-me mais capital a fim de incrementar minha tendência serviçal, para que essa seja aumentada".
"Meu Senhor, seja qual for minha situação de nascimento, conforme meu karma, desejo somente Lhe servir, e oro por serviço desmotivado, sem nada em troca".
Há quatro tipos de tentações comuns que nos rodeiam pelas quatro direções: dinheiro, seguidores, mulheres e liberação, e isso significa dharma, artha, kama e moksha. A gradação dos diferentes objetivos da vida foi representada cientificamente dessa forma.
Mas Sri Chaitanya Mahaprabhu diz: "Meu Senhor, não tenho atração por nenhuma dessas coisas, somente por Você. Nem mesmo desejo liberação. Não vou pedir: 'Dê-Me liberação, pois serei capaz de Lhe servir melhor por estar liberado'". Não se deve impor tal tipo de condição à divindade. A prece mais pura é: "Posso ser pássaro ou animal, aqui ou ali, até mesmo no inferno, conforme meu karma - não importa. Todo meu anseio é de me concentrar numa única coisa: suplico para que minha atração por Você nunca seja perdida. Suplico para que possa ser sempre aumentada".
Bhakti, devoção, é ahaituki, sem causa. É bem natural e não possui outro anseio. Alguém pode dizer: "Nunca desfrutarei do lucro, se os juros forem reinvestidos como capital", mas estaremos interessados no desfrute através da auto-entrega. "Que outros desfrutem às minhas custas" - essa é a base do desfrute supremo. O devoto pensa: "Que Krishna desfrute com outros - serei o bode expiatório".
Bhaktivinoda Thakura diz que, quando uma criança não possui conhecimento, não pode se defender ao ser atacada por um inimigo ou doença. Do mesmo modo, quando a realização do santo nome está num estágio infantil, no começo, podem prevalecer crimes e ofensas contra o nome. As ofensas não se aproximam quando a realização cresce, mas muitas ofensas podem vir e atacar o principiante.
Esquadrão Suicida
Bhaktivinoda Thakura diz: "O santo nome é tão belo, gracioso e atraente que desejo morrer junto a todas as ofensas a ele, para que outros possam desfrutar do seu néctar"! Ele queria se sacrificar como na guerra, quando o esquadrão suicida pulava na chaminé de um navio com bombas nas axilas. O esquadrão suicida começou na campanha do Japão contra os Britânicos, e quando Hitler ouviu falar sobre a coragem deles, disse: "Temos algo a aprender do Japão". Assim, Bhaktivinoda Thakura ora: "Quero acabar comigo junto com todas as ofensas contra o nome, para que outros possam desfrutar do néctar do santo nome".
Vasudeva Datta também orou: "Dê-me todos os pecados de todas as almas, e atire-me no inferno eterno, para que elas sejam beneficiadas. Dê-lhes amor por Krishna". Ele não morre devido a esse sentimento altamente generoso. É dito: "Morrer para viver". Encontraremos um alcance vivo da vida superior quando tivermos tanta apreciação pelo Senhor a ponto de sentir esse tipo de sentimento. Esse é o desfrute que desejamos.
O último verso do Shikshastakam de Sri Chaitanya Mahaprabhu explica esse sentimento. Encontramos um outro exemplo a esse respeito quando o grande sábio Narada veio até as gopis e lhes pediu a poeira de seus pés de lótus para tratar da dor de cabeça de Krishna. Encontramos o mais alto nível de abnegação nesse episódio, e esse é o sentido da devoção. A vida do devoto á baseada em sacrifício. Quanto maior o sacrifício, maior o benefício. Sacrifício significa: "Morrer para viver". Esse é meu ditado favorito. São palavras de Hegel: "Morrer para viver". Krishna é o consumidor supremo conhecido neste mundo. Não devemos hesitar em nos entregarmos a Ele.